*Este post foi publicado primeiramente no portal Nowmastê, neste link.
Por aqui (bem dentro de mim) a coisa tá movimentada. Segundo quem conhece de astrologia cada momento tem uma questão regendo, em um determinado momento é o tal “mercúrio retrógrado” que faz com que as coisas fiquem mais paralisadas. Depois, o ano de Saturno que nos chama a convicção – a trazer o que somos de verdade. Mas o fato é que com ou sem explicação em um único dia eu sou capaz de sentir: raiva, ansiedade, confiança plena, um amor sem tamanho (pelos meus filhos, ou marido, ou uma pessoa do trabalho) e ao deitar ser tomada pela culpa das coisas que não fiz.
Sinto que eu, meus amigos e um tanto de gente boa que tenho cruzado está na busca, não é mais na “luta”, mas sim na busca… na busca de ser feliz, de sentir-se realizado no que faz, de se alegrar com pequenas coisas, de fazer algo para o corpo para sentir a energia vital que está gritando por socorro dentro da gente, de ter bons momentos para se deleitar… Sinto que ir “à luta” já não está mais atendendo muita gente.
A gente compreende de forma lógica, quantitativa e qualitativa que está rolando uma baita crise política, social, econômica, nos relacionamentos, nas empresas e no mundo como um todo. Mas a gente não aceita e não se abre para falar da grande CRISE EXISTENCIAL que está todo mundo sentindo dentro de si e vibrando.
E para mim não tem mais volta. Já foi, já é. Ou a gente aceita o caos que estamos vivendo (dentro) e partimos daí para construir algo novo, ou simplesmente tapamos o sol com a peneira, sobrevivemos a essa existência e deixamos para nossos filhos, para essa próxima geração a missão árdua de falar: CHEGA, basta e então com muita coragem começar a mexer os pauzinhos para viver uma vida feliz e verdadeiramente plena e próspera.
Eu pessoalmente decidi que não vou deixar essa saga para meus filhos. Já me joguei de cabeça e por aqui vou compartilhar alguns aprendizados e visões pessoais que estou tendo e vamos juntos nessa jornada.
Bom, mas o que seria um primeiro passo para começarmos?
Se você, como eu, sente que tem uma crise existencial acontecendo, o primeiro passo para mim parar e olhar para ela.
Aceitar o caos: aceitar que muitas vezes queremos uma coisa e fazemos outra. Aceitar que sustentamos uma auto imagem política, moral e socialmente correta.
Aceitar que queremos ser reconhecidos por sermos incríveis e maravilhosos, mas não estamos dispostos a estar inteiros. Queremos ser amados pela nossa metade boa: por coisas lindas, fofas, belas e transformadoras que fazemos na vida, só queremos falar disso, do quanto somos poderosos.
De forma mais prática, precisamos aceitar que queremos ser solteiros e livres e estamos casados, aceitar que quero ser livre para ir e vir, mas tenho um ou mais filhos em casa que precisam dos meus cuidados, aceitar que ouvir o outro – quando ele não concorda com a gente nos incomoda demais, aceitar que as vezes justifico meu erro na atitude do outro. Aceitar que sim, tenho muitos preconceitos.
Aceitar que as vezes estamos sorrindo para uma pessoa e no fundo estou julgando algo dela com todo meu desamor. Aceitar que dizemos não ligar para o dinheiro, mas no fundo estamos baseados nele para tomar nossas decisões a cada dia. Aceitar que as vezes nos comparamos pois queremos ganhar, ser melhores, mais inteligentes e até mais espiritualizados.
Aceitar que a fofoca, a crítica ao outro e a reclamação fazem sim parte do nosso dia dia e que eu crio essa confusão na minha própria vida. Aceitar que queremos mudança, mas não queremos mudar.
E mais importante, aceitar que não fazemos isso porque somos uma pessoa maluca ou “do mal”. Nós fazemos isso porque de uma certa forma aprendemos a sobreviver assim: Você não está sozinho, estamos todos juntos. Tá todo mundo em algum momento sentindo um vazio, uma ansiedade ou até uma estagnação na sua vida… e nada mais “seguro” do que criar formas de nos proteger e de justificar para nós mesmos o porque não estamos fazendo da nossa vida algo mais extraordinário do que só sobreviver.
E então você me pergunta: e daí Marcinha???? Quero sim ser livre e tenho filhos. Quero mandá-los para o espaço e curtir a minha vida. Sim, quero dinheiro mais que tudo da minha vida. E vamos dizer que assumo todas essas coisas “horríveis”. E então você me diz: Para que? Algo vai mudar?
Eu te digo: Sim. Esse é para mim exatamente o primeiro grande passo.
Não sei explicar o mecanismo, mas posso dizer que a partir do momento que você é honesto consigo mesmo, sobre o que sente, o que pensa e como age (e o quanto isso está desconectado do que você quer ou acredita para sua vida), você naturalmente verá que não é tão perfeito como sempre pinta ser, você vai sentir que pode doer muito assumir a real, mas você pode ter certeza que só dá para sair de algo (com amor e maturidade) a partir daí, da dor e alegria de ser plenamente real, com o que quer que venha na cena.
E, sim, como um milagre, novas soluções que não são: abduzir seu filho para que você seja livre ou aparecer um saco de dinheiro na sua porta, mas sim novas possibilidade passam a acontecer.
Por outro lado, se você não aceita o “perrengue real” que é cuidar dos seus filhos e que já era: eles já nasceram e precisam de você, nada pode acontecer. Você só vai viver mais e mais caos nesse assunto que é se relacionar com seus filhos.
Já se você olha com verdade e banca o quanto te desafia, no meu caso: ser mãe, outras soluções podem acontecer. Você chora, você sente a culpa, você pode hora estar com eles mais disponível, hora sem eles, entre outras milhões de configurações que se criam naturalmente a seu redor…Mas essa criação se dá a partir do momento que você aceita, não apenas o real sentimento, mas também a real situação que esta vivendo. Na íntegra, sem edições e contemplando todos os sentimentos, dos mais desesperadores aos mais bestas possível. E então é daí que novas possibilidades se manifestam.
Uma dica muito importante é: Não “aceite” para concluir e fazer algo a respeito do que você pode constatar pois esse é o caminho do controle e da mente, que quer ver a cena para justificar sua atitude.
Apenas sinta como é simplesmente viver sua vida real – olhando com coragem para os incômodos e com a plena consciência de que você é parte atuante na criação de qualquer realidade que esteja manifestada na sua vida.
E para mim tudo começou assim: pequenos incômodos, muita coragem e grandes revoluções.
Marcia Mello
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